A escalada de casos do novo coronavírus no município de São Gabriel do Oeste-MS, tem pressionado as autoridades públicas municipais a adotar medidas mais restritivas de circulação de pessoas, como o toque de recolher e a decretação de lock-down nos últimos finais de semana.

O município, totalizou no último Boletim (03/08), 551 casos positivos do covid-19, sendo que destes, 327 já estão recuperados e a taxa de ocupação dos leitos especialmente preparados para tratamento do Covid-19 já esteve na casa dos 75% de ocupação, causando preocupação às autoridades municipais.

Segundo dados oficiais, as medidas aprovadas pelo Comitê de Contingência ao Coronavírus do município, com o lock-down, nos três últimos finais de semana, tiveram o objetivo de frear o avanço do número de contágios e internações na rede municipal de Saúde e do início do lock-down até agora, a taxa de redução do número de casos observada já chegou a 21%.

O outro lado

Porém para grande parte dos comerciantes do setor gastronômico, como bares, restaurantes, lanchonetes e hotelaria após esses três finais de semana com o estabelecimento do lock-down, já são grandes os impactos econômicos. O setor já vinha sofrendo mesmo com a adoção de medidas mais suaves como o distanciamento social recomendadas pelos órgãos de saúde, incluindo a suspensão de atividades do comércio noturno com o Toque de Recolher, e agora a adoção do chamado Lock-Down para tentar conter a disseminação da doença, a situação ficou mais grave para eles.

Lock-down X Flexibilização

São inúmeras as opiniões conflitantes a respeito das medidas de isolamento social, porém os números apontam que a taxa de isolamento social de São Gabriel do Oeste tem sido a melhor do estado nas últimas semanas, mas é necessário observar que os números de casos positivos ainda não se reduziram conforme esperado e por isso tem-se observado que representantes na área de Saúde adotam um discurso cauteloso em relação aos resultados da medida de isolamento social, mas apresentam dados que demonstram uma tendência na redução de casos de covid-19.

Impactos

Mesmo sabendo que o impacto na economia global será inevitável, nossa reportagem entrevistou vários deles para saber exatamente quais os pontos mais preocupantes sob o ponto de vista econômico, diante das medidas mais restritiva ao fluxo de caixa e, consequentemente, à sobrevivência das empresas.

Para o empresário Intihuatana Rosa Moreira, proprietário do Restaurante e Conveniência San Martin, localizado na entrada da cidade na BR-163, o prejuízo tem sido enorme, já que contabiliza cerca de 80% de queda em seu faturamento e tendo dispensado 13 funcionários o que torna a situação insustentável sob o ponto de vista econômico.

“Fiz tudo o que o Senac pediu e orientou com o programa de Certificação do covid-19. Muitas coisas já vínhamos fazendo e depois complementamos com essas orientações. Mesmo nestes momentos de retração também tivemos que investir nesses quesitos de segurança e prevenção aos nossos clientes. Agora esperamos que o poder público possa nos ajudar a retomar nossas atividades o quanto antes”, explicou o empresário.

Empresário Intihuatana Rosa Moreira, proprietário do Restaurante e Conveniência San Martin - Foto: Victor Currales

Na mesma sintonia, a empresária Adriana Aparecida Rodrigues dos Santos, do Varandas Bar e Restaurante, localizado na rua Paraná, no centro da cidade, a sobrevivência até aqui tem sido muito difícil, pois o fechamento do comércio no período noturno para quem trabalha a noite é muito complicado, assim como a proibição de mesas na área externa, além do distanciamento entre as mesas e o lock-down, afetou muito sua empresa.

“Tivemos que nos adequar com o delivery, porém foi necessário dispensar 11 funcionários, além dos diaristas, tentando dessa forma equilibrar as finanças, pois pouco tempo antes da pandemia investimos muito na ambientação de nosso espaço apostando no movimento, ficamos então numa situação econômica muito difícil. Outro custo que tivemos a mais foi na questão da adequação do ambiente, nos equipamentos de proteção individual para funcionários e clientes, querendo ou não, acrescentou nos custos que não repassamos aos clientes”, apontou Adriana, que prevê uma forte crise no setor já que os comerciantes que trabalham no período noturno já estão no limite de sua capacidade financeira.

Os proprietários do Varandas Bar e Restaurante, contabilizam prejuizos nesse período - Foto: Victor Currales

Na outra ponta da principal avenida da cidade, Hirslei Marcio Rodrigues dos Santos do Gullas Pizzaria, repetiu o que já está sendo considerado um mantra entre os empresários nesta época de pandemia e retratação econômica. E as palavras de ordem são: Reinventar e Readequar e márcio explicou a nossa reportagem que as mudanças e flexibilização na empresa foi em todos os sentidos com a equipe, administrativo e clientela, já que o perigo ronda a todos e isso pode gerar uma contaminação sem controle.

Segundo ele todo o seu espaço de atendimento foi readequado para as novas normas de segurança e protocolos exigidos, porém, segundo ele, isso ocasionou também a demissão de cinco colaboradores. E com relação aos investimentos para adequação da Certificação de Biossegurança como parte de investimentos para a retomada das atividades aumentando com isso os novos insumos para isso, mesmo que muitos itens de segurança como luvas e máscaras descartáveis que já estavam usando e isso está onerando muito nos custos adicionais.

“Em nosso ramo por conta a atender os clientes com alimentos nós tivemos que triplicar os cuidados com a higienização, a sanitização e infelizmente não podemos neste momento repassar esses custos diminuindo assim a nossa rentabilidade”, explicou Marcio.

Para Marcio, os investimentos na adequação às novas medidas não podem ser repassados aos clientes - Foto: Victor Currales Foto: Victor Currales

Uma coisa nos parece certa com relação à expectativa da retomada o mais breve possível, para a grande maioria do comércio da cidade, é preciso acreditar na força econômica do município, que sempre abrigou o empreendedorismo, a perseverança e acima de tudo a capacidade do trabalho, cuja definição concreta das medidas cabe ao prefeito e ao Comitê de Contingenciamento ao Coronavírus do município, para que as consequências econômicas sejam então variáveis, mas menos impactantes economicamente.

Trabalho x renda

O governo municipal de São Gabriel do Oeste-MS, paralelamente ao governo estadual vem segundo dados oficial da Fundação do trabalho de Mato Grosso do Sul-FUNTRAB, apontado que há um grande empenho na integração de ações na área do trabalho, mais especificamente na formulação de políticas públicas de amparo ao trabalhador desempregado, na geração de renda e melhoria das relações do trabalho.

O Cadastro Geral de Empregado e Desempregados (CAGED), vem apontando que tanto o estado quanto o município, têm, apesar da crise pandêmica, apresentado um bom saldo na geração de postos de serviços. O município de São Gabriel do Oeste, que atualmente ocupa a 9ª posição no ranking estadual no posicionamento do ano (Acumulado), apesar dos números negativos de março e abril, vem se recuperando e apresenta com os dados consolidados de junho, um saldo positivo de 283 postos de trabalho e 162 novas empresas foram abertas no município no período de março a julho deste ano.

Para o Secretário de Desenvolvimento Econômico, Roberto Emiliani Junior, a decretação do lock-down no município visou principalmente evitar o colapso da rede municipal de saúde e que a ação atingiu o seu objetivo, já que o município figurou no topo do ranking de taxa de isolamento social nesse período consecutivamente. Ele que liderou e acompanhou de perto as equipes de fiscalização municipal nos três finais de semana durante o período de lock-down, que geraram mais de 150 notificações que serão avaliadas e poderão ser transformadas em autos de infrações e multas.

“As ações ocorridas nos finais de semana com o lock-down foram de certo modo tranquilas, com algumas notificações pontuais em algumas residências, o comércio de modo geral respeitou bem a medida e sem que nada seja anotado como alta relevância. Esperamos que a medida tenha sido benéfica para a diminuição dos contágios e que possamos todos retomar a normalidade o quanto antes”, pontuou o secretário Robertinho.

Expectativas

Com a aproximação do Dia dos Pais no próximo domingo (09/08), os empresários e comerciantes de São Gabriel do Oeste-MS, tem buscado junto a Associação Empresarial do Município, a ACISGA, ajuda e representatividade para que nos próximos dias, os componentes do comitê, possam abrir espaço para discutir com o empresariado a situação geral do comércio.

As lojas de confecções, calçados, presentes e departamentos se juntam aos dos demais setores e buscam então aumentar o horário do Toque de Recolher para a zero horas e fim do lock0down no município, mantendo-se, no entanto, todas as regras e protocolos já estipulados em decretos anteriores.

Os empresários advertem que essa é uma data de grande movimentação de vendas no comércio local, e vai gerar um prejuízo muito grande se não puderem abrir seus estabelecimentos.

Estatisticamente, o comércio não é o maior foco de contaminação do coronavírus, pois as pessoas têm obedecido o uso da máscara, distanciamento e higienização das mãos, que são estimulados pelos empresários ou funcionários dos estabelecimentos, disse-nos um comerciante que preferiu não ser identificado.

Para o presidente da Acisga, Everson Rezzieri, que vem buscando desde o início essa flexibilização das normas para o comercio, é um compromisso para que trabalhemos juntos no intuito de avançar na segurança da população, com as medidas de biossegurança, e de tentarmos ao máximo garantir o emprego das pessoas.

“Estamos demonstrando a união que existe entre o setor produtivo e a Prefeitura de São Gabriel do Oeste. Nós temos essa responsabilidade de, em parceria, superarmos esse momento de instabilidade causado por essa pandemia”, explica Rezzieri. 

 

Fonte: Victor Currales - DRT/MS 1320


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